Mundo Celestrin Fw: Estudos procuram fórmula para chegar bem aos cem anos

    Estudos procuram fórmula para chegar bem aos cem anos
FONTE: Folha de S.Paulo - 28/05/2012

Brasil tem quase 24 mil centenários e, no mundo, são 70 com mais de 110 anos; desafio é manter a independência

Grupo de idosos em São Paulo está sendo acompanhado para manter a qualidade de vida aos cem

CLÁUDIA COLLUCCI

Ela andou de bicicleta até os cem anos, caminhou sozinha até os 115 e fumou até os 117. Costumava comer 1 kg de chocolate por semana e bebeu um copo de vinho por
dia até sua morte, aos 122 anos.
A longevidade de pessoas como a francesa Jeanne Calment (1875-1997), a que mais tempo viveu, tem sido estudada por grupos internacionais e foi discutida durante
o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que terminou anteontem no Rio.
Genes? Dieta? Exercícios? Atitudes positivas? Vida social? A ciência já sabe que a genética responde por até 30% da longevidade. O resto está associado a estilo
de vida e fatores socioambientais, muitos dos quais passíveis de mudanças e adaptações.
Os pesquisadores entendem que a longevidade extrema, acima de 110 anos, é para poucos. Há 70 supercentenários no mundo (65 mulheres e cinco homens). Outros 400 alegam
essa condição, mas não têm documentos que a comprovem.
Só no Brasil, já são quase 24 mil centenários, segundo o IBGE. Bahia (3.525), São Paulo (3.146) e Minas Gerais (2.597) são os Estados com a maior concentração.

PREPARO
Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), um projeto reúne 245 idosos acima de 80 anos, sem queixas específicas, e os prepara para a chegada ao centenário.
Ali, fazem exames, adequam medicações e recebem orientações sobre sono, memória, dieta e atividade
 física.
"Muitos dos nossos pacientes serão centenários a partir deste ano. Estamos avaliando o quanto é possível manter a sobrevida sem incapacidade física, mental, emocional
e social", afirma a médica Maysa Seabra Cendoroglo, professora de geriatria e gerontologia
 da Unifesp.
E é possível viver muito e chegar ao fim com independência? "A busca por essa resposta vem sendo motivo de muitos estudos. As propostas apontam para a necessidade
de se manter uma boa dieta, uma atividade física permanente e prolongada e um estímulo cognitivo",
 explica a médica.
Mas isso adianta mesmo para quem não tenha "bons" genes? "Sim. Pode ser que você não chegue aos cem anos, mas vai chegar aos 80, aos 90, ativo, independente. O que
importa é fazer o máximo que eu posso até o finzinho."
Também é possível ser feliz aos cem anos, mesmo com doenças e após a perda de filhos, diz a psicóloga alemã Dagmara Wosniak, que fez um estudo com 56 centenários
de Heidelberg. Quase metade deles vivia em instituições e 82% dependiam do auxílio de enfermeiras.
A extroversão, a cognição e uma rede social preservada (família e/ou amigos) foram os fatores mais associados à felicidade nessa fase da vida, segundo ela. "O otimismo
aumenta a vontade de viver."

POLíTICAS
O aumento da longevidade também tem levado os especialistas da área a propor abordagens diferentes para cada grupo etário de idosos.
"Um idoso de 65 anos não é o mesmo de um com 80, que não é o mesmo de um de cem. Hoje colocamos tudo no mesmo saco", diz o médico Alexandre Kalache, que já dirigiu
o programa de envelhecimento da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Para ele, o Brasil vai mal na execução de políticas que possibilitem um envelhecimento saudável, seja na prevenção de doenças que incapacitam o idoso seja em instrumentos
que o protejam e que garantam seus direitos.
Resultados preliminares do estudo Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), desenvolvido pela USP, já refletem um cenário nada cor-de- rosa. O trabalho monitora
como os idosos de São Paulo estão envelhecendo.
Três grupos acima de 60 anos vêm sendo acompanhados. Um grupo começou a ser seguido em 2000, outro em 2006 e o último, há dois anos.
Segundo a médica Maria Lúcia Lebrão, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, os "novos" idosos parecem estar mais doentes, com menos mobilidade, por exemplo.
"A previsão é que as novas gerações de idosos sejam menos saudáveis. Temos ao nosso favor as novas tecnologias. Mas será que elas trazem mais qualidade de vida?"

Okinawa
JAPÃO
Por lá, há 34 centenários por 100 mil habitantes (a média dos países desenvolvidos é de 19 a 20 por 100 mil). Os moradores de Okinawa têm proteção genética, seguem
dieta hipocalórica (rica em verduras, frutas e fibras) e não fumam
Curiosidade
Param de comer quando estão 80% satisfeitos

Povoado de Vilcabamba
EQUADOR
Não há estudos que comprovem isso, mas no livro "Eterna Juventud - Vivir 120 Años" (editora Planeta), o médico e escritor argentino Ricardo Coler relata que os centenários
dessa localidade fumam, bebem álcool, comem muito sal, tomam muito café e até usam drogas.
 Ainda assim, muitos viveriam até os 110 ou 120 anos
Curiosidade
Os centenários dizem que têm vida sexual ativa

Loma Linda, Califórnia
ESTADOS UNIDOS
Adventistas dessa região estão entre os campeões da longevidade na América do Norte
Não bebem, não fumam e não comem carne de porco. Também desestimulam o consumo de outras carnes, alimentos muito gordurosos, bebidas com cafeína, condimentos e temperos
considerados "estimulantes"
Curiosidade
Guardam o descanso no sábado, dia em que socializam com outros membros da igreja

Região da Sardenha
ITÁLIA
São 24 centenários por 100 mil habitantes (três vezes mais do que a média europeia)
Além da dieta mediterrânea e do consumo de vinho, a longevidade é associada à deficiência de uma enzima (glicose-6-fosfato desidrogenase), que também teria criado
um mecanismo de defesa contra a malária
Curiosidade
Uma saudação sarda é "A kent'annos" ("Que você viva cem anos").


"Centenários são pessoas moderadas", diz pesquisador
FONTE: Folha de S.Paulo - 28/05/2012

CLÁUDIA COLLUCCI

Há quase 20 anos estudando os centenários, Thomas Perls, professor da Universidade de Boston, pesquisa agora um grupo ainda mais seleto: os supercentenários, que
passaram dos 110 anos.
Segundo Perls, a resposta para a longevidade extrema está nos genes. Mas ele aposta que mesmo os que não tenham uma boa herança genética poderão viver mais se cultivarem
hábitos saudáveis.
Um dos autores do best-seller "Living at 100", Perls costuma dizer que estará muito satisfeito se viver bem até os 95. O médico falou à Folha na última terça, no
Rio, onde participou de um congresso de geriatria.

Folha - Ainda é muito difícil se tornar um centenário?
Thomas Perls - Tem se tornado cada vez mais fácil. Quando comecei a estudar os centenários, em 1994, havia 1 em 10 mil na população dos EUA. Hoje, há 1 em 5.000.
Conseguimos melhorar as condições de saúde e curar muitos que antes morriam de doenças infecciosas, por exemplo. As pessoas estão controlando mais doenças como diabetes
e hipertensão e estão parando de fumar. Isso tudo tem impacto na longevidade.

É possível chegar bem aos cem, mesmo com doenças?
Por muito tempo, as pessoas pensavam que, para chegar aos cem, você tinha que evitar doenças relacionadas à idade. Mas não é verdade.
O mais importante é evitar as disfunções. Mais de 90% dos centenários que estudamos eram funcionalmente independentes [andavam, comiam e tomavam banho sozinhos]
aos 90, mesmo tendo doenças relacionadas ao envelhecimento [como câncer, osteoporose, diabetes].
Mesmo pessoas que não tenham "bons" genes para a longevidade podem viver mais se tiverem bons hábitos.

Qual o perfil dos centenários?
A maioria, 85%, é mulher. São pessoas que nunca fizeram coisas ao extremo, são moderadas. Não beberam muito, não fumaram, não são obesos. São muito sociáveis, gostam
de estar vivos.

O sr. tem estudado agora os supercentenários. Qual é o segredo deles?
A longevidade dessas pessoas tem um forte componente genético. Elas representam a melhor chance para estudarmos os genes protetores e os seus mecanismos bioquímicos
e, quem sabe, desenvolver medicamentos que ajudem pessoas que não têm os mesmos genes.

Mas é só genética?
Para essas pessoas com longevidade extrema, sim. Os genes respondem por 60% a 70% da longevidade.

Qual foi a pessoa mais longeva que o sr. estudou?
Uma senhora de 119 anos, a segunda pessoa que mais viveu no mundo. Morreu em 1997. Cinco anos antes, era muito independente. Em geral, os supercentenários seguem
bem até os 109 anos. Aí começam a decair.



abs
Cinthya Yara Blank
Supervisão Administrativa
SERVMED SAÚDE LTDA
www.servmedsaude.com.br
cinthya@servmedsaude.com.br
Fone/Fax: 3326-1668

 

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